Ivânia Vieira*
Artistas populares têm sido acionados, com frequência, para animar festas no interior do Brasil e dar uma mãozinha a pré-candidatos a cargos eletivos. Prefeituras dos municípios amazonenses entraram nessa ‘moda’. Até aí nenhuma novidade. Afinal, é essa a cartilha que uma leva de administradores públicos em todo o País segue. Eleitores e simpatizantes batem palmas e dançam miúdo, quase felizes, sob o ritmo dos contratados.
A questão é: quem paga a conta? A verba pública tem sido fartamente usada para quitar dívidas contraídas com artistas na rubrica da cultura sem a devida transparência. Alguns artistas que aparecem na mídia nacional, como beneméritos, cobram alto para fazer festa na periferia do Brasil. Muitas prefeituras aceitam pagar o cachê e cumprir uma lista de exigências num ato de desrespeito ao contribuinte e à população.
Artistas não estão imunes à cobrança da transparência. Pela estreita relação que têm com o público são convocados cada vez mais a uma conduta cidadã. Ou seja devem zelar para não fazer parte do saque ao dinheiro do contribuinte. Essa história de ser boa gente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Bahia… e arrancar o dinheiro dos pobres da periferia brasileira tem que ser exposta e confrontada. Há um ralo nessa área que exige maior atenção para conter o derrame da verba pública em nome de ‘investimento em cultura’.
‘Nosso corpo’
Hoje, em mais de cem países, feministas organizam manifestações pelo fim da violência contra mulher. O 25 de Novembro é uma data símbolo nessa luta. Em Manaus, as mulheres reúnem-se em frente do Tribunal de Justiça, de 9h às 11h, para reivindicar o cumprimento da ‘Lei Maria da Penha’. Às 12h, na Ponta Negra, um ato vai recordar as mulheres assassinadas na cidade. Este ano, o slogan do movimento é ‘nosso corpo, nosso território, pela liberdade das mulheres e pelo fim da violência’. Nesta cidade, são 800 registros mensais feitos na Delegacia da Mulher.
*Jornalista, professora do Curso de Comunicação Social da Ufam.