Ivânia Vieira*
Duas manifestações, ocorridas ontem, reaproximam os brasileiros do campo das grandes mobilizações sociais por mudanças de fato na postura político-parlamentar e administrativa. Em Brasília, o relançamento da Frente Parlamentar em defesa do voto aberto. No Rio de Janeiro, mais de 2 mil pessoas se concentraram na Cinelândia para protestar contra a corrupção e pela efetiva aplicação da ‘Lei da Ficha Limpa’.
Os ensaios, embora usados por alguns setores habituados ao autoritarismo e a uma prática política do “é dando que se recebe”, retomam o exercício dos embates públicos. Um dos aspectos significantes é o de ampliarem o espaço de reivindicação, de interlocução e de questionamentos em torno de temas esquecidos. O voto secreto é um deles. Por que mantê-lo? Mas, derrubá-lo vai precisar muito do vigor da aliança da frente com outros setores da sociedade.
As vozes pelo voto aberto nas Casas Legislativas terão que ressoar muito mais longe a fim de se constituírem em uma força propulsora de mudança.
No ato de lançamento da frente, dos 513 deputados que constituem a Câmara, 198 aderiram à iniciativa; dos 81 senadores, quatro assinaram. Em parte, as assinaturas não funcionam como garantia de derrubada do voto secreto. E se a vigilância não for permanente ancorada na disposição da sociedade civil organizada de derrubar o sigilo dos votos, o assunto voltará para a gaveta por mais uma temporada.
Na Assembleia do Estado do Amazonas, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) está em tramitação. Falta o tema ganhar as ruas, de asfalto e virtuais, e retornar à ALE-AM como expressão da vontade popular.
*Jornalista, professora do Curso de Comunicação Social da Ufam.