Ivânia Vieira*
Talvez o tempo tenha passado e nós não tenhamos percebido o ritmo. As perdas se ampliam e se diversificam enquanto a jornada da vida exige exercícios mais intensos. Esse 2011 é uma maratona. Não sei se das mais dura ou se das mais sentidas.
A largada, em janeiro, teve brinde de esperança mas os acontecimentos nessa maratona engoliram o tempo de enfeitar a casa, construir a árvore e organizar a flora e a fauna numa versão amazônica do ritual do presépio; não permitiram as visitas nem a celebração dos encontros aguardados com tanta saudade apesar de estarmos na mesma cidade.
Estão distantes o som da voz e das gargalhadas das minhas amigas e minhas companheiras de lutas e de sonhos. Enredadas numa outra peleja emudecemos um pouco mais, deixamos a distância tomar conta das nossas vidas e, com ela, o tempero da existência tornou-se insípido. O olhar ficou embaçado.
A marotona de 2011 nos desafia. Triplica os obstáculos e tenta esticar o percurso. É possível que a árvore, desta vez, não seja montada e o presépio engraçado se realize apenas na lembrança. É possível que as paredes de dezembro permaneçam desnudas e os enfeites guardados em uma gaveta.
Pode ser que a nossa teimosia seja reanimada. Então, para quem já enfrentou tantas outras maratonas, a de 2011 é apenas mais uma. Doída sim, deixando marcas no corpo e na alma, mas não como derrota. A distância e a saudade dos encontros, das brincadeiras e dos saraus serão superadas porque mesmo nesse grande aperto as oportunidades do encontro se insinuam para aquietar a onda de desencontros dessa temporada.
Ontem, na noite tarde, até uma lua em êxtase fazia sinal para terra em agonia. Foi possível percebê-la, renovando o pacto de que a vida vai triunfar e a amizade tem um outro tempo.
Jornalista, professora do Curso de Comunicação Social da Ufam.